sublinhar

domingo, outubro 12, 2003

Obsessões nocturnas e outras histórias (1

Fantasma de que corpo que me enlouqueces. Sonho de um sonho que sempre foste. Sonhei-te? Sonho-te ainda? Que realidade és tu?

Quanto tempo vivi nesse sonho que construí contigo? Quanto tempo, quantos dias, meses, anos, estive perdido de mim julgando-te outra? E para que serviu tudo isto?

És o ópio que me ajuda a esquecer. A viver a vida apenas na periferia.

Esta solidão arrasta-me para o nada. Como um barco à deriva de não sei que tempestade. A tempestade não existe. Existo eu. E tu?

Como és tudo na realidade? Existes por trás do sonho em que te fiz?

Sim, sei que tens existência própria, para lá do pesadelo de seres comigo…

A que distância neste momento está o teu corpo do meu? Não será mais que um quilómetro em linha recta. Esse espaço equivale à separação eterna.

Já não podemos ser os dois. Apenas cada um de nós sozinho.
Entendes isso?
Sim, tinhas entendido tudo antes de mim.

Separados pelo medo da perfeição. Sem coragem para empreender a viagem da nossa derrota. Que suburbanos que somos, tu e eu. Sempre com medo de arriscar o que temos.

E o que temos agora? Sabes-me dizer?
Que restou de todo esse conhecimento do outro para além de uma tristeza infinita?