sublinhar

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Geografias interiores

Saio da sala, viro à direita para entrar na cozinha, onde me pareceu ouvir um ruído indicador da tua presença. Mas acontece-me esbarrar-me contra uma parede que ontem não existia. Agora, aqui, sigo os caminhos que o meu cérebro indica e, a cada passo, me esbarro, derrubo objectos. Tenho de aprender de novo a estar aqui, sem a angústia de não poder percorrer esses caminhos, fazer esses mesmos gestos que tu conheces...sem poder tocar-te. Aqui já não existe espaço para a vida, ou pelo menos, assim me parece agora. Estou aqui, como se este que sou aqui fosse apenas uma parte burocrática de mim, que trabalha mas que está ausente do lugar físico em que está. E os seus sonhos fazem-no voar, até um lugar onde ele é mais real do que este lugar onde existe, neste momento, realmente.

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