sublinhar

terça-feira, outubro 19, 2004

Um silêncio qualquer: palavras

As palavras não servem, não podem servir. Às palavras falta a substância palpável de todos os afectos. Olho estas luzes e sombras do ecrã, lá fora é noite e Inverno (sempre esta noite e esta chuva). Cá dentro o silêncio é feito de música e os sonhos de palavras. Ou o contrário. Não sei porque é que comprei este teclado preto, este monitor preto. A cor vem de um livro pousado sobre a mesa. Penso: é como uma janela, ou um sonho. Antes de tudo existe o corpo em que existem estas palavras e estes sonhos. Perdido. E este reflexo pálido de uma outra coisa são palavras. Ténues. Vestígios. Algures existe um todo, ou até um sentido. Provavelmente nem isso. Agora, aqui e para quê?

1 Comentários:

  • Acho que as palavras pertencem a outro mundo, que não é este. Talvez seja o que está além do ecrã. Não conseguem representar este mundo. É demasiado vasto. Elas são limitadas, e confundem. Mas o olhar prefere o foco, mesmo que a verdade seja borrada. O canto do olhar vê a vastidão, mas é na palavra clara que se confia. Talvez vestígios de realidade venham à tona quando elas são jogadas ao acaso, sem sentido. Quando isto ocorre, perdem ser poder de foco e conseguimos ver através de suas linhas.

    Por Blogger Helder da Rocha, Às 11:28 da tarde  

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