sublinhar

terça-feira, fevereiro 01, 2005

A de anterior

Como se a escrita fosse apenas um reatamento desses minutos de outrora, um reflexo de uma desancorada esperança. um mundo cheio de visitações de um deus menino…homem...cadáver.
há, ainda hoje, um cheiro a pão torrado misturado com o aroma do café com leite e o som de um sino invocando o dever. tudo isso implícito neste sentimento antigo de que o mundo é incapaz de resistir à força do vento que sopra. sempre tive medo que os outros me deixassem, ou que eu partisse. tanto faz. outra coisa, nunca soube dizer: amo-te. pensei sempre que isso estivesse implícito, algures na melancolia dos gestos. é desse tempo, imensurável, que vem esta escrita. nasceu silenciosa. viveu adormecida por entre divagações no corpo de uma mulher. mas essa voz, hesitante, percorreu o longo caminho, codificando um sub-texto de medo. como nos sonhos vividos de criança, em que o mundo todo desaparece e, estranha esperança, nos compete a nós, solitário Adão, reconstruir tudo a partir do nada. estas palavras, segredo-vos, são assim: a lentíssima construção de um abrigo.

++++

1 Comentários:

  • Gosto do que vc escreve. Gosto desta impressão de que a escrita está para além das palavras impressas no papel ou na tela. De que é um caminho. Gosto deste seu caminho.

    Beijos,

    Silvia

    Por Blogger Silvia Chueire, Às 6:05 da tarde  

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