sublinhar

domingo, julho 06, 2003

Esperança

Depois de colocar o post anterior lembrei-me de uma pequena história:

A NTV tinha em tempos um programa que consistia em colocar um pequeno palanque numa rua do Porto e permitir aos passantes discursar ao "bom povo português", talvez se lembrem de ver. Tudo, naturalmente, muito mau. As pessoas falavam de trânsito, de futebol e arpoveitavam para criticar o Rui Rio por qualquer motivo.
Mas certo dia (acreditem que merece este começo de conto de fadas) subiu a esse palanque uma rapariga de uns doze ou treze anos. A primeira frase que disse, ainda hesitante, foi: "Quero falar de livros". E prosseguiu com um discurso por vezes incongruente, outras simplesmente inocente. Mas a cada repetição da palavra livro, a cada declaração de amor à leitura, a sua voz tremia e acabou quase em lágrimas. (E não pensem que estou a inventar ou exagerar, foi mesmo assim).

Pessoas assim são um óptimo motivo para continuar a escrever e a insistir em me fazer ouvir. É para elas que serve mais uma pessoa a desafinar.

[in Odi Profanum Vulgus]

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