sublinhar

quarta-feira, janeiro 21, 2004

A propósito desta pergunta
Eu, por vezes, confundo-me com outro. Outro do qual gosto mais do que de mim, outro que se evadiu, ou nasceu evadido, disto de ser eu constantemente. Mas, em outras ocasiões, é este outro que desconheço, que finjo perceber e desentendo, que finjo ser e sou mesmo.
Na rua, o quotidiano de mim, reconhece-se a si próprio por pequenos gestos, pequenos nadas que juntos são outro. Esse outro vive do movimento e do esquecimento. Este, aqui, reflecte-se, mas eu não o olho, ou procuro não o olhar de frente, com medo de este outro ser eu, o único, para sempre.
E assim me desentendo, não duplo mas duplicado, parcialmente dividido mas uno, talvez separado mas coeso, talvez doente mas em cura.
Por isso, é normal que me confunda por vezes com um desconhecido, e julgue que aquele que sou, lá ou aqui, são outro que não sou, nem lá nem aqui.
E se me olho reconheço-me, mas o que conheço?

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