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segunda-feira, julho 21, 2003

Fragmentos (2) – Um lugar, que lugar

Há um lugar físico na minha cidade que é mais lugar imaginado na minha memória do que o lugar físico que realmente é. Passo por lá e não sinto o empedrado da rua que é, não vejo a igreja que também é, e sou transportado para um tempo que foi.
E como não recuso o ridículo da minha pessoa, relembro sempre um amor adolescente que não chegou a ser. Transformo-o numa miríade de destinos fabulosos que recusei, e sinto-me triste, de uma tristeza irónica em que não chego a acreditar.
Como, se ter-te beijado fosse a porta para ser tudo que não fui.
A única coisa que redime o adolescente que fui é a desculpa freudiana da criança que também fui.

[in I.D.]

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