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terça-feira, novembro 02, 2004

[O epicentro da alegria – episódio de escrita (memória) automática]

O desconhecido, ou antes o momento maravilhoso que traz consigo: a descoberta. A forma como me abalou a primeira vez que li o Lunário, ou a primeira vez que li o conto Loucura de Sá-Carneiro uns dias depois. Nesses momentos aconteceu algo mágico que está inacessível em qualquer nova leitura dos mesmos livros.

A primeira vez que olhaste para mim com amor, ou a primeira vez que te vi (e tu é já outra pessoa) ou a primeira vez que consegui um momento de paz ao fim de tantos anos e fiquei a ouvir os sons que têm tanto de comum com uma cena do Cotton Club que também é o inicio de uma música do Ozzy Osbourne.

A primeira vez que disse: amo-te e amava-te mesmo.

Tantas pessoas diferentes....

...ou mesmo quando descobri que um célebre monumento, e aqui tudo é monumento a qualquer coisa, estava suavemente inclinado para um dos lados. Ou o arrepio quando li: vou matá-lo e era mesmo isso que querias fazer não sei desde quando, e o alívio que senti quando ninguém morreu.

Que bom foi um dia estar deitado na cama a ver pela primeira ver o Casablanca...

...E ter falado contigo uma tarde inteira sobre os sonhos.

Que bom estar aqui agora, os meus dedos escrevem palavras, a vida lá fora enche-se de possíveis descobertas, tudo são possibilidades, estou vivo, a infra-estrutura existe, conheço muitas das alavancas e não tenho medo.

Amanhã, podemos, ou posso, ou ninguém, ou quem sabe todos, milhares de coisas.

Quando li pela primeira vez o Alexandra Alpha que agora não leio porque seria desperdício de tempo (e nem eu mesmo sei o que isso quer dizer)...

...Agora, que com um sorriso me preparo para largar o trabalho que entretanto já tinha largado para escrever isto, e ir tomar um café ao outro lado da rua como se isso fosse também transcender a rua (mais uma vez não sei o que isto poderá querer dizer).

Porque existem inúmeros caminhos e não podemos escolher todos, apenas alguns, se tivermos sorte escolheremos os errados e então seremos felizes.

Um passo de cada vez, o olhar atento da criança que descobre tudo pela primeira vez e sobretudo escolher mal a cada passo, porque a vida, dizem, são dois dias e a alegria surge dos tremores de terra que nós próprios desencadeamos.

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