A serenidade é um sentimento estimável
Há dias em que as palavras estão lá atrás, escondidas. Mas o mundo não permanece num silêncio expectante, na verdade, nem nós.
O incerto calor que à tarde aquece os nosso corpos dolentes, o café que bebemos enquanto esperámos que do rio surja uma visão qualquer, até a conversa com que entretemos as horas que vivemos, tudo isto enche o espaço de sons sossegados, inscritos no esquecimento dos horários imprescindíveis do destino.
Amanhã, ou talvez em qualquer outra altura, uma palavra ultrapassará a barreira do som, e eu não precisarei mais de gritar no silêncio.
Mas isso agora é substituído pelo cigarro que fumo enquanto a sala se enche (e até um estranho calor se sente agora) de música.
Este espaço não é de sofrimento, esquecimento, espera, enfim... este espaço vive da calma que existe: este momento vive de um momento, como quando me olho ao espelho, e a imagem reflectida é uma construção minha que não existe só em mim. Sou eu, distante na soma de dois eus, um deles cedido, construído em co-autoria, nem sei como o dizer.
Está frio também, embora se sinta apenas pelas frinchas das portas, imiscuindo-se neste espaço que navega um pouco acima do mundo tal como o mundo existe.
Neste momento a música parou por instantes e deixo-me estar a ouvir um cão a ladrar na vizinhança, um ladrar calmo. Lembro-me: tenho saudades da chuva a bater no telhado de zinco da garagem do vizinho, tenho saudades do chá quente com torradas em dias de Inverno em que me molhei tantas vezes. Ou o teu cabelo molhado.
A serenidade é um sentimento estimável agora que escrevo o último post, fumo o último cigarro e me preparo para ir dormir.
O mundo amanhã encher-se-á de vozes mas só a ti irei ouvir com esta atenção.
O incerto calor que à tarde aquece os nosso corpos dolentes, o café que bebemos enquanto esperámos que do rio surja uma visão qualquer, até a conversa com que entretemos as horas que vivemos, tudo isto enche o espaço de sons sossegados, inscritos no esquecimento dos horários imprescindíveis do destino.
Amanhã, ou talvez em qualquer outra altura, uma palavra ultrapassará a barreira do som, e eu não precisarei mais de gritar no silêncio.
Mas isso agora é substituído pelo cigarro que fumo enquanto a sala se enche (e até um estranho calor se sente agora) de música.
Este espaço não é de sofrimento, esquecimento, espera, enfim... este espaço vive da calma que existe: este momento vive de um momento, como quando me olho ao espelho, e a imagem reflectida é uma construção minha que não existe só em mim. Sou eu, distante na soma de dois eus, um deles cedido, construído em co-autoria, nem sei como o dizer.
Está frio também, embora se sinta apenas pelas frinchas das portas, imiscuindo-se neste espaço que navega um pouco acima do mundo tal como o mundo existe.
Neste momento a música parou por instantes e deixo-me estar a ouvir um cão a ladrar na vizinhança, um ladrar calmo. Lembro-me: tenho saudades da chuva a bater no telhado de zinco da garagem do vizinho, tenho saudades do chá quente com torradas em dias de Inverno em que me molhei tantas vezes. Ou o teu cabelo molhado.
A serenidade é um sentimento estimável agora que escrevo o último post, fumo o último cigarro e me preparo para ir dormir.
O mundo amanhã encher-se-á de vozes mas só a ti irei ouvir com esta atenção.
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