vozes: tempo e espaço
“Muito se pouparia em papel em em espaço virtual nos servidores de todo o mundo (será que devo pôr ascoisas assim? Refiro-me a blogs e páginas pessoais, sei lá se é nos servidores que ocupam espaço...) se mais gente lesse essa frase. Muitos de nós forçamos a atenção dos outros, impomos a nossa presença escrita sem que tenhamos nada para dizer. Felizmente há excepções.”
a vizinha
Este comentário deixou-me pensativo: não por me sentir ofendido, claro que não, acho até que a leitora, muito simpaticamente, me incluía nas excepções. Mas a verdade é que concordo e não concordo com ela e estas dúvidas (a frase encaminha-se para um final verdadeiramente infeliz) são o que nos faz pensar (frase, afinal, parva mas inegável). Adiante: concordo que, muitas vezes, forçamos a atenção dos outros, ocupando um espaço na sua vida que limita o tempo de cada um para outras coisas. Por outro lado, não acho que alguém não tenha nada para dizer. Bom, até acho. Explicando: há muitas pessoas para quem não tenho a mínima paciência, e, de facto, ocupam tempo na minha vida que podia gastar com outras coisas, mas tenho quase a certeza que existe um espaço para eles, junto de alguém que realmente lhes queira dar atenção. Ora, uma vez anulada a ideia de espaço físico: livros e servidores são suficientemente grandes para tudo conter, todas as vozes, todas as coisas. Alguém, algures, quererá ouvir precisamente aquilo. Sou completamente a favor dessa total anarquia do que é dito mesmo quando me atrapalha, mesmo quando esconde aquilo que eu quero ler. Porque, e aqui concordo de novo, todas essas vozes tendem a esconder de nós aquilo que queremos ouvir. No meio da multidão deixamos escapar a música que queremos ouvir e, frequentemente, não chegamos a saber que existe. Ainda assim, prefiro a vozearia anárquica ao silêncio, prefiro perder muitos se posso encontrar alguns. Daí que me chegue uma tristeza média que se queira contar, ou, e porque não, uma alegria média que se queria fazer ouvir. Chega-me e sabe-me bem, ouvir muitas vozes. Não porque isso faça de nós seres menos sós, apenas porque prefiro a solidão vivida entre a vozearia dos outros, de certa forma confronta-me, e isso, creio, é bom. Acho, mas isso se calhar é abusivo da minha parte, que a leitora se referia exactamente a isso: ao excesso de vozes, à dificuldade de encontrar aquelas, poucas, que queremos ouvir. E de novo penso que concordo e não concordo. Porque é necessário que todos falem para sabermos quem diz aquilo que queremos ouvir.
PS: Este comentário tem outra virtude: dar-me uma frase para explicar porque é que sou tão reticente a fazer comentários em outros blogs: “Muitos de nós forçamos a atenção dos outros” – suponho que é uma coisa que não quero fazer. Apenas quando penso que nunca julgo isso das pessoas que comentam aqui, antes pelo contrário, não forçam a atenção mas despertam-na, acrescentando algo, é que me deixo de tretas e comento também.
PS2: Finalmente: porque de vez em quando se criam mal entendidos (julgo que pela inépcia de quem escreve) e porque não conheço a autora do comentário, gostava de acrescentar um agradecimento e, porque não, desejar que regresse. E, já agora, acrescentar que deviam ir visitar, mas isto sou eu a dizer.
PS3: já agora, agradeço também os outros comentários e as visitas e as leituras que me proporcionam, e as músicas, e os quadros e fotografias, as ideias, e os encontros, etc.
[quase dois anos é uma boa altura para sentimentalismos :)]
a vizinha
Este comentário deixou-me pensativo: não por me sentir ofendido, claro que não, acho até que a leitora, muito simpaticamente, me incluía nas excepções. Mas a verdade é que concordo e não concordo com ela e estas dúvidas (a frase encaminha-se para um final verdadeiramente infeliz) são o que nos faz pensar (frase, afinal, parva mas inegável). Adiante: concordo que, muitas vezes, forçamos a atenção dos outros, ocupando um espaço na sua vida que limita o tempo de cada um para outras coisas. Por outro lado, não acho que alguém não tenha nada para dizer. Bom, até acho. Explicando: há muitas pessoas para quem não tenho a mínima paciência, e, de facto, ocupam tempo na minha vida que podia gastar com outras coisas, mas tenho quase a certeza que existe um espaço para eles, junto de alguém que realmente lhes queira dar atenção. Ora, uma vez anulada a ideia de espaço físico: livros e servidores são suficientemente grandes para tudo conter, todas as vozes, todas as coisas. Alguém, algures, quererá ouvir precisamente aquilo. Sou completamente a favor dessa total anarquia do que é dito mesmo quando me atrapalha, mesmo quando esconde aquilo que eu quero ler. Porque, e aqui concordo de novo, todas essas vozes tendem a esconder de nós aquilo que queremos ouvir. No meio da multidão deixamos escapar a música que queremos ouvir e, frequentemente, não chegamos a saber que existe. Ainda assim, prefiro a vozearia anárquica ao silêncio, prefiro perder muitos se posso encontrar alguns. Daí que me chegue uma tristeza média que se queira contar, ou, e porque não, uma alegria média que se queria fazer ouvir. Chega-me e sabe-me bem, ouvir muitas vozes. Não porque isso faça de nós seres menos sós, apenas porque prefiro a solidão vivida entre a vozearia dos outros, de certa forma confronta-me, e isso, creio, é bom. Acho, mas isso se calhar é abusivo da minha parte, que a leitora se referia exactamente a isso: ao excesso de vozes, à dificuldade de encontrar aquelas, poucas, que queremos ouvir. E de novo penso que concordo e não concordo. Porque é necessário que todos falem para sabermos quem diz aquilo que queremos ouvir.
PS: Este comentário tem outra virtude: dar-me uma frase para explicar porque é que sou tão reticente a fazer comentários em outros blogs: “Muitos de nós forçamos a atenção dos outros” – suponho que é uma coisa que não quero fazer. Apenas quando penso que nunca julgo isso das pessoas que comentam aqui, antes pelo contrário, não forçam a atenção mas despertam-na, acrescentando algo, é que me deixo de tretas e comento também.
PS2: Finalmente: porque de vez em quando se criam mal entendidos (julgo que pela inépcia de quem escreve) e porque não conheço a autora do comentário, gostava de acrescentar um agradecimento e, porque não, desejar que regresse. E, já agora, acrescentar que deviam ir visitar, mas isto sou eu a dizer.
PS3: já agora, agradeço também os outros comentários e as visitas e as leituras que me proporcionam, e as músicas, e os quadros e fotografias, as ideias, e os encontros, etc.
[quase dois anos é uma boa altura para sentimentalismos :)]
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