(...)
"Parece-me que uma pessoa culta tem de ser ética. Por exemplo, costuma supor-se que os bons são tontos e que os maus são inteligentes; e eu acho que não, acho que, com efeito, se dá o contrário. As pessoas más são, em geral, também ingénuas: uma pessoa age mal porque não imagina o que a sua conduta pode causar na consciência de outros. DE modo que creio que há mais inocência na maldade e inteligência na bondade. Além disso, a bondade, para ser perfeita - penso que ninguém chega à vondade perfeita - tem de ser inteligente. Por exemplo, uma pessoa boa e não muito inteligente pode dizer coisas desagradáveis. Em compensação, uma pessoa, para ser boa, tem de ser inteligente porque se não, a sua bondade será... imperfeita, por dizer coisas incómodas para os outros e não se aperceber."
Jorge Luis Borges
in Em Diálogo com Jorge Luis Borges (Volume I),Osvaldo Ferrari (Círculo de Leitores)
Jorge Luis Borges
in Em Diálogo com Jorge Luis Borges (Volume I),Osvaldo Ferrari (Círculo de Leitores)