Se um poeta...
Se um poeta escrevesse: “a morte reluz cristal nas pálpebras sonolentas”; eu então poderia acreditar que a manhã se afoga no rio de prata que vislumbro num sonho de infinito. Se ele escrevesse também: “ a matéria pueril de que somo feitos/ é poeira nas asas dos seres alados”; eu então poderia acreditar que as cicatrizes que o meu corpo guarda se inscrevem no futuro e não no passado. Se além de tudo isso, ele escrevesse: “fala-me das turbulentas águas desse rio/ chama-me para que me afogue nele”; eu então poderia acreditar que as palavras são também outra coisa que não são. Mas como ele se esconde no seu silêncio, as palavras continuam apenas a ser aquilo que desejamos que sejam.
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