Só para matar o tempo
Por vezes fico assim pensativo, olhando as palavras e perguntando-me o que é que elas dizem. Por exemplo, se escrevo: medo; procuro e encontro um medo lá atrás, dentro de mim portanto. Mas ele não existe porque há palavra, quanto muito encontro-o porque há palavra, porque está escrita, porque leio. E se me leio, encontro-me? Que desconhecido sou eu de mim próprio? Conheço-me dentro dos limites estabelecidos por mim. Limites? – Perguntam. E eu não respondo, ou melhor respondo, digo: procurem. Mas não procurem em mim porque não me conhecem, procurem em vós. Divertimento nenhum, mas entretém. E o tempo passa, devagar, ou depressa, o tempo passa sempre. Podem até experimentar escrever. Sim, escrever. Muitas palavras, ou poucas palavras, mas não pensem muito. Na verdade, se quiserem, podem pensar as palavras antes de as escrever, até aconselho a reler antes de mostrar a alguém. Eu isso não faço. Sentir-me-ia absurdo corrigindo-me. E afinal, absurdo é não me corrigir. Que erros são esses? – Pergunto-me. Criar uma tristeza… – Respondo-me. E este diálogo lembra-me que está quase na hora de me sentar no sofá, ver um filme, permanecer calado…
Sim, era este o momento em que parava de escrever, mas algo me impede. Esse algo é o trivial estar gente na sala onde vou ver o filme, e por isso permaneço aqui. E escrevo sem sentido, sorrindo ao escrever, esperando vagamente, que algo de essencial em mim tombe sobre esta folha, para que eu grite: encontrei-me.
Sim, era este o momento em que parava de escrever, mas algo me impede. Esse algo é o trivial estar gente na sala onde vou ver o filme, e por isso permaneço aqui. E escrevo sem sentido, sorrindo ao escrever, esperando vagamente, que algo de essencial em mim tombe sobre esta folha, para que eu grite: encontrei-me.
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