Um pouco mais de sol
Seriam talvez onze da noite quando ele sentado à frente do computador começou a escrever. O texto era no início incongruente, as frases empilhavam-se como ameaças e o conhecimento de si próprio nascia do caos, vivia nele, fugazmente iluminado. Depois, à medida que ia escrevendo, ele viu surgir subitamente o vazio de tudo e a contraditória necessidade de tudo. Nesse momento ele parou, levantou-se, e esperando uma lágrima dirigiu-se para a janela e viu a noite. Uma noite igual a todas as noites: a luz amarela dos candeeiros da rua; a lua lá no alto, um monte, uma igreja. Ele acendeu um cigarro apenas para não se sentir sozinho, e fumou enquanto pensava no dia seguinte. Depois, regressou lentamente para o lugar à frente do computador e pensou: tenho que trabalhar. Mas continuou a escrever as mesmas frases sem sentido e continuou a reconhecer-se nesse caos. Ao fim de inúmeras páginas sem sentido escreveu letra a letra a palavra:
FIM
FIM
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