sublinhar

terça-feira, agosto 31, 2004

Apetece-me, sei lá, existir

Pergunto-me: com quantas perguntas se faz uma resposta?
O movimento no silêncio da noite e um gato que passa em busca de comida. Não sei porque gosto do movimento contraditório das palavras. Talvez pelo mesmo motivo que me faz estar triste quando deveria estar feliz.
Aguardo que aconteça algo que nunca acontece sempre: no silêncio da noite alguém se aproxima e diz: Luís. Como se uma palavra fosse também a chave de um mistério. Um nome que significa pouco mais que a presença de um corpo.
Se penso ocorre-me perguntar: onde estão as tardes de verão de há muitos anos?
Deveria escrever: Estou alegre porque tu existes. Mas não é só isso.
Aqui, este espaço físico subsiste para além das palavras e tudo passa por mim num encandeamento de memórias, sonhos e perguntas. Hoje e amanhã e outra vez hoje e amanhã, não sei. São demasiados dias repetidos. Apetece-me estar longe e existir longe. Apetece-me tudo. Apetece-me, sei lá, existir…

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