Engodo
A poesia não pode tratar de mim,
nem eu da poesia.
Estou só, o poema está só,
o resto é dos vermes.
Estava à beira das ruas onde moram as palavras,
livros, cartas, notícias,
e esperava
Sempre esperei.
As palavras, em formas claras ou escuras,
transformaram-se em alguém escuro ou mais claro.
Poemas passam por mim
e reconheciam-se como coisa.
Via-o e via-me.
Esta escravidão não tem fim.
Esquadrões de poemas procuram os seus poetas.
Vão errando sem comando pelo grande distrito das palavras.
e esperam o engodo da sua forma
feita, perfeita, fechada,
concentrada e
intangível.
Cees Nooteboom
nem eu da poesia.
Estou só, o poema está só,
o resto é dos vermes.
Estava à beira das ruas onde moram as palavras,
livros, cartas, notícias,
e esperava
Sempre esperei.
As palavras, em formas claras ou escuras,
transformaram-se em alguém escuro ou mais claro.
Poemas passam por mim
e reconheciam-se como coisa.
Via-o e via-me.
Esta escravidão não tem fim.
Esquadrões de poemas procuram os seus poetas.
Vão errando sem comando pelo grande distrito das palavras.
e esperam o engodo da sua forma
feita, perfeita, fechada,
concentrada e
intangível.
Cees Nooteboom
Trad: August Willemsen e Egito Gonçalves
1 Comentários:
Ótimo, o poema. Pode parecer estranho, mas me fez sorrir de tão familiar é esta reflexão.
Beijos
Silvia Chueire
Por Silvia Chueire, Às 11:04 da tarde
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