sublinhar

sexta-feira, janeiro 21, 2005

cresce dentro de mim a certeza sobre a incerteza.

é o meu corpo que reage a este arrepio, com medo. descobre-se. talvez exista alguma ligação entre este sol, que aquece, e o arrepio de frio que percorre o corpo como um electrochoque. um arrepio que nem sequer tem a dignidade da gripe. apenas do grito. metáfora. não me apetece, propriamente, fazer sentido. não me apetece, propriamente, existir. agora. gostava que a pausa para o café fosse realmente uma pausa da vida. deixar de existir por quinze minutos. neste momento. não sei. as certezas...bom...as certezas carecem da improbabilidade. gosto do caos, dos padrões empreendidos (havia de ser compreendidos se houvesse compreensão) com um esforço aturado. de quem empreende, logicamente. eu, hoje, não empreendo. rio-me apenas de repetir tão longínqua palavra. o dia parece não acabar. se acabar haverá outro dia, amanhã. o que é bom. mas agora sinto isso como um excesso de racionalidade. até estar vivo, até isso, me parece a felicidade apenas como um esforçado optimismo. há dias assim...em que o quotidiano (o trabalho) nos corrompe o sonho até ao seu âmago. ficamos longe do mundo. gritamos. mas não se ouve.

um dia desejei. digo. quis. cair. levemente. sem que me doesse, sobretudo, não doesse a ninguém. hoje, nem tanto. desisti de desistir. para sempre. sabem? sente-se falta dessa evasão. agora que tudo que quero é não me perder, descubro vezes demais que não existe um caminho de onde nos possamos perder.

o mundo todo tem a consistência de um fio pendurado entre dois prédios. equilibrista me vejo. parado. aí reside toda a possibilidade da queda: na ausência de movimento.

[acabo a dizer: este post não merece ser lido. ou, sequer, escrito. são palavras do quotidiano inadmissível de quem trabalha sem tempo para pensar. e da necessidade de pensar. sobretudo, e antes que perguntes, são também palavras de quem se sabe sustentado, nesse caminho, pela amizade. e assim, de certo modo, mente a angústia, ou mentiria, se não a sentisse.]

[ainda: é este lugar. precisamente. na sua incrível trajectória para fora do mundo. nada do que é exterior a estas ruas físicas onde circulo me provoca essa náusea. é aqui. ou antes, é este quotidiano infindável. o sentimento de desalinho. de iminência de queda]

[ou, simplesmente: seria impossível confundir o dia de hoje com uma conversa. o dia, físico, existe no metafórico frio. a conversa reside, sempre, no lugar onde a amizade segura o nosso corpo do desequilibro, e nos aquece.]

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