palavras para ti
Não sei se te interessa o sol que entra pelo escritório a esta hora da tarde, e me dá uma subtil esperança de calor. Não sei se te interessa a história da minha vida, provavelmente apenas vagamente. Não sei se as palavras que escrevo, ou as palavras que sou, te interessam. Não sei se repetir vezes sem conta: amo-te, gastará a palavra. Não sei se queres ouvir-me falar sobre as tardes imensas que passei bebendo vinho e sonhando com projectos de futuro que, até eu, já esqueci. Não sei se me queres ouvir falar de pessoas que não conheces a percorrer ruas de que já não te lembras. Nem sei se me queres ver, numa imagem de 5.3 mg pixels. Não sei se te conta do dia em que uma porta abria o caminho para o precipício e eu desejei atirar-me. Certamente não queres ouvir do rumor dos corpos, e dos gritos, gemidos, em outras tardes (como se o verão fosse um tempo eterno dedicado ao amor). Não sei. E se te evoco é porque tudo isto tem mais sentido agora. Escrevo: como se a história da humanidade não fosse mais que uma desculpa para nos encontrarmos. E é isso que sinto. Deflagrando como um ramo de flores na tua dor, peço um sorriso e prometo: as palavras nunca acabarão. Nem eu. nem tu.
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