sublinhar

terça-feira, agosto 05, 2003

AUTOEUTANASIA SENTIMENTAL

Me quité de en medio
por no estorbar,
por no gritar
más versos quejumbrosos.
Me pasé muchos días sin escribir,
sin veros,
sin comer más que llanto.

Gloria Fuertes

[in I.D.]

Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

— mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

— palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

— que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

— e um dia me acabarei.

Cecília Meireles

[in I.D.]

Interrogação

Se não existissem leitores, ou pelo menos a utopia do leitor possível, faria sentido escrever?

[in I.D.]

sábado, agosto 02, 2003

Publicar

Estes dias sem colocar nenhum post deram-me uma perspectiva diferente do acto de publicar. Esta existência das minhas palavras muito para além de mim é um acontecimento novo ao qual ainda não me habituei.
Estou acostumado a que as coisas que eu escrevo ou digo tenham apenas como destinatários pessoas que eu conheço, ou quanto muito, pessoas que conhecem as pessoas que conheço.
Aqui no blog, a amplitude do leitor possível reduz-me e dilata -me em simultâneo.
Por vezes fica difícil escrever por mim, de mim, para mim.

[in I.D.]

Não escrever

Não tem sido difícil encontrar bons motivos para não escrever aqui: O calor sufocante, a necessidade de acabar alguns trabalhos para me poder concentrar em ter férias e este desejo de nada que me ataca sempre que Agosto começa.
Mas três dias foram suficientes, agora voltei, definitivamente.

[in I.D.]