HOJE O TEMPO NÃO ME ENGANOU. Não se conhece uma aragem na tarde. O ar queima, como se fosse um bafo quente de lume, e não ar simples de respirar, como se a tarde não quisesse já morrer e começasse aqui a hora do calor. Não há nuvens, há riscos brancos, muito finos, desfiados de nuvens. E o céu, daqui, parece fresco, parece a água limpa de um açude. Penso: talvez o céu seja um mar grande de água doce e talvez a gente não ande debaixo do céu mas sim em cima dele; talvez a gente veja as coisas ao contrário e a terra seja como um céu e quando a gente morre, quando a gente morre, talvez a gente caia e se afunde no céu.
poemaprosa de josé luís peixoto
foto de uma pintura de Dmitrij Markelov - www.godotartgallery.com/godot.asp
2 Comentários:
por vezes tenho percepção semelhante a esta aqui tão bem dita e fico a pensar qual será a realidade. Se a mais ususal se aquela k por vezes em assalta em k tudo parece invertido...
Bom f.s Bjs e :)
Por Conceição Paulino, Às 10:59 da tarde
muito bonito :) adoro ler peixoto :) beijo
Por her, Às 10:08 da tarde
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