Um vapor lilás imenso e transparente
às vezes escrevo coisas assim, unicamente para ter o prazer de me reler.para reencontrar nas palavras o gosto da tua pele, saborear por instantes o sal que lambo da curva do teu peito. escrevo porque é do interior das palavras que surge todo o peso do teu corpo sobre o meu.
esta folha de papel é-me estranha repentinamente. como se não reconhecesse o gosto do teu sémen na minha língua. e as palavras que me dizes fossem, de repente, apenas palavras sem sentido sopradas na noite escura da cidade que se esquece.
Tangerina caça, ela caça. convida-me para que invada o exíguo espaço onde se deita com dois adolescentes completamente despidos. um deles olha-me como se eu fosse fogo, agarra-me mal me aproximo, deixo-me ir. mais tarde disse a Tangerina que não sei de que parte de mim me desejo despedir, sorriu.
enquanto Nervokid dormia Tangerina levantou-se, vagarosamente. como se cada manhã contivesse a sabedoria dos milagres. assim se cumpria o ritual da multiplicação dos afectos.
encontramo-nos outra vez nas ruínas de uma igreja abandonada, sem que eu consiga distinguir um do outro. pouco importa. o essencial é sentir a permanência de vossos corpos em cima da noite. e esquecer por instantes as palavras mergulhando a boca entre os vossos sexos. a escuridão quase engole os nossos corpos não fosse a luz tremeluzente de duas velas acesas em nome da ascensão.
escondemo-nos no epicentro das flores do parque sitiado, enquanto num outro lugar tu escreves. foges para que as nossas noites sejam riscadas a sangue. ao fundo vemos ainda as luzes das estrelas de néon, e desejamos, desejamos sempre mais.
ainda não chegou a primavera. tenho medo. mas sei que continuarei vivo no epicentro das flores.
esta folha de papel é-me estranha repentinamente. como se não reconhecesse o gosto do teu sémen na minha língua. e as palavras que me dizes fossem, de repente, apenas palavras sem sentido sopradas na noite escura da cidade que se esquece.
Tangerina caça, ela caça. convida-me para que invada o exíguo espaço onde se deita com dois adolescentes completamente despidos. um deles olha-me como se eu fosse fogo, agarra-me mal me aproximo, deixo-me ir. mais tarde disse a Tangerina que não sei de que parte de mim me desejo despedir, sorriu.
enquanto Nervokid dormia Tangerina levantou-se, vagarosamente. como se cada manhã contivesse a sabedoria dos milagres. assim se cumpria o ritual da multiplicação dos afectos.
encontramo-nos outra vez nas ruínas de uma igreja abandonada, sem que eu consiga distinguir um do outro. pouco importa. o essencial é sentir a permanência de vossos corpos em cima da noite. e esquecer por instantes as palavras mergulhando a boca entre os vossos sexos. a escuridão quase engole os nossos corpos não fosse a luz tremeluzente de duas velas acesas em nome da ascensão.
escondemo-nos no epicentro das flores do parque sitiado, enquanto num outro lugar tu escreves. foges para que as nossas noites sejam riscadas a sangue. ao fundo vemos ainda as luzes das estrelas de néon, e desejamos, desejamos sempre mais.
ainda não chegou a primavera. tenho medo. mas sei que continuarei vivo no epicentro das flores.
Al Berto; Piotr Kowalik, Silence
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