rascunho
Nunca sei de onde vêem as palavras que tingem de preto a página branca. Nem sei para onde vão, que rotas tomam ao escorrer pelos meus dedos para um teclado que me espera. Os meus dedos não precisam de palavras, nem a vida, nem as horas passadas a ouvir as memórias de um homem que se diz descendente de um qualquer rei de um qualquer país esquecido. A boca abre-se porque tem sede e fome. A boca não deseja inundar-se de palavras, talvez até as rejeite se lhe permitirmos essa insubmissão. Os dedos não anseiam por este tactear uniforme em teclas brancas de caracteres pretos que reproduzem caracteres pretos em folhas brancas. A vida não precisa que escrevam a palavra vida na margem de um livro qualquer. As palavras não deixam de existir se as silenciarmos. E porque insistimos em percorrer esses ínvios caminhos. Para junto de quem? Estes caminhos de tão subtil textura levam ao esquecimento ou à memória? Das palavras sei apenas que são fiéis depositárias das células que a mim me dizem: segura-a contra ti, não a largues nunca.
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