Ainda antes da mecânica das letras
Posso fazer uma pausa e dizer: olho-te. Não creio que qualquer figura de estilo lhe acrescentasse algo. Os meus olhos chegam para envolver o teu corpo e dizer-me que respiro e, depois, dizer simplesmente: olho-te. Não espero deste gesto um poema, para transcendência basta-me o teu corpo, ali, precisamente onde o meu olhar pousa. Que eu te escreva num momento diferente daquele em que te olho não chega a ser realmente importante. Escrevo apenas para conservar esse olhar, para o segurar no preciso momento em que existiu, para guardar com nitidez a imagem da tua nudez, para guardar para sempre as tuas palavras. E não me importa que o texto descanse, como naquele momento o meu corpo descansava, porque ambos, as minhas palavras e o meu corpo, te olham a distâncias diferentes, enquanto dizem apenas: amo-te.
*"Reclining Lady With Feathers" 1998, Victor Vasquez
1 Comentários:
E assim a vida se torna larga e o descanso dos guerreiros merecido. (na maior parte das vezes, sobram palavras.)
Por Nat, Às 9:53 da manhã
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