sublinhar

segunda-feira, junho 13, 2005

um encontro é sempre um início de universo

* e sentir na imperfeição a perfeita coluna de cristal
do puro entendimento entre o pudor e a vibração de um segredo
queremos ser mais para não sermos o que não somos e o que somos
e por isso a palavra adianta-se na sua trémula e cintilante audácia
que se eleva no cimo do encontro em transparências novas *





Munch


agora que o dia acaba eu podia escrever para ti sobre essas horas
que por mim passaram ou sobre os rumores que me envolveram
e os outros que nascem crescem e me morrem à boca do corpo
e que por uma razão que nem sei explicar
por aqui ficam
colados às paredes do meu quarto
dobrados na roupa que acabei de despir
ou ecoando ecoando por dentro dos meus olhos. há uma espécie
de luz que se vai esvaindo e eu
sinto-me invadida por uma serenidade que só me acontece
quando estou assim
pensando que à boca do corpo
todas as palavras que quero dizer-te são pouco
muito pouco
e se as dissolver em saliva e as deixar escorregar
no teu corpo
então será mais fácil

beijos te darei então
embrulhados nessas metáforas aquelas que dizem
sussurrando
amo-te amo-te
como se fosses todo o céu que hoje se estreia na minha noite


beijos te darei então
para que em cada um possas dizer-nos com uma linguagem
toda tua toda minha
os nomes chupados por entre a língua
os nomes soprados por entre os dentes
os nomes que sobram por entre os abraços
e os que deslizam do meu para o teu para o meu olhar

depois podemos até cair no silêncio
dos amantes e

dizeres de ti dizendo de mim
dizer de mim dizendo de ti
se houver ainda algum amor por fazer





antónio ramos rosa e maria teresa dias furtado, o alvor do mundo



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