sublinhar

domingo, maio 08, 2005

(post circular n.º 1)

…amar os livros com uma profundeza que supera a falta
de intimidade que ainda hoje tenho com eles.
Caetano – Verdade Tropical
Ao redor da vida do homem
há certas caixas de vidro,
dentro das quais, como em jaula,
se ouve palpitar um bicho.
João Cabral de Melo Neto – O Relógio


A monocórdica sapiência das flores
Antes, ou depois, ou em vez de,
um aglomerado metafísico de
vidrinhos improvisados de
uma janela partida, caída, havia horas, na rua.

A voz sonolenta do homem que
despertava àquela hora que
representava a aurora que
lhe era possível, naqueles dias terríveis.

Antes, ou depois, ou em vez de,
uma torrada queimada de
pão integral esquecido de
quentes dias anteriores a tudo.

O corpo sonolento do homem que
vagueava pela casa que
outrora se enchera de alegria que
nascia de um sorriso de mulher.



imagina o meu corpo deitado sobre a cama. podes tocar-me. toca-me.

antes que o tempo acabe ou a intimidade se intimide,

despe-te tu também,

e deixa-te cair sobre mim.

o mundo, lúcido e frio, desaparece sob a nossa leveza.

esquece-o.

Dalí – A Persistência da Memória; William Newenham Montague Orpen – Nude Study

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]



<< Página inicial