sublinhar

terça-feira, abril 26, 2005

The wasted land ou depois eu explico

Sei que se escrever depressa, no intervalo para almoço, conseguirei algumas frases, basta não comer. Que importância isso tem? Oxalá, palavra de santo guerreiro, me deixem pertencer ao dia em que o sol se conjuga com a pausa para, simplesmente, admirar. Digo simplesmente mas não seria isso que queria dizer, admirar não tem nada de simples. Não interessa, agora que não como, ou como a correr, até logo, não venho jantar, penso que não deveria escrever mais. Aliás só escrevo aqui, sem trabalhar nada do que escrevo, sem escrever no fundo. Podia dizer mas falta-me a voz, tenho a boca cheia de comida e de verbos: ir, fazer, trabalhar. Escrevo, para dizer a verdade escrevo na secreta ânsia de encontrar alguma coisa sobre mim, algo do género da escrita automática. Felizmente não descubro nada, ou seja, felizmente minto-me muito. podia ser que, imaginem, a tarde estivesse dourada aqui onde estou, e uma árvore gigante me desse sombra e eu escrevesse como quem trabalha, como quem colhe da natureza os frutos da primavera. Lírico, portanto. Mas não, a mim ocorre-me o trânsito, o filhodaputa, adoro as imprecações. A terra que semeamos dá frutos secos, é a seca, é o verão do nosso descontentamento. Nunca acreditei em sonhos dos outros, o que me irrita mesmo é que a única coisa em que acredito, o indivíduo, a sua força a sua dádiva, seja em mim tão incompleto, tão aquém. Sou a terra e a sua semente, mas infértil.

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