Momentos
Durante a tua suave e breve ausência, deixo-me ficar aqui sentado. Escrevo. Repetindo esse ritual de inúmeras épocas e inúmeras pessoas. E ocorre-me, como antes ocorreu a outros, este sentimento de que nada fica. Ou fica? Do que nestas palavras é sentimento, tudo vai comigo, vá onde for, tudo levo, carregando comigo, sem peso, levemente. Do que nestas palavras é vazio, tudo é largado em qualquer lado, sem sentido, como que perdido, imensurável apenas porque é nada.
Sinto, agora, uma breve desilusão que é cansaço apenas. Penso em dormir. Mas peço-me que escreva. Sinto esta necessidade de lutar contra aquilo que a vida tem de mais quotidiano, mais vulgar, mais absurdo, mais não-vida….
Escrevo. Repito palavras apenas pelo gosto de existir uma cadência qualquer neste sentir. Em haver uma força, bruta, desconhecida, neste processo de comunicar por sinais reconhecíveis pelo outro. Gosto. Mas perco-me em pensamentos sobre o processo de escrever e esqueço o haver palavras que têm de ser ditas, sentidos-construídos que têm que ser transmitidos a alguém. Esqueço-me. E, talvez, parte do prazer advenha desse esquecimento. Desse sossegar nas palavras, no seu intimo, escondido, despindo-me também. Sei lá. Escrevo. Sem firmeza, numa suave volúpia. Descubro que há algo de sensual nesta minha relação com as palavras. Este esquecimento do sentido, do querer dizer, também é um reflexo desse prazer. Esta vontade de estar assim entre as palavras, palavras sem destino, estas palavras-minhas-palavras-nenhumas que escrevo assim, porque espero.
Saber que todas estas palavras, todos estes gestos, todo este eu que sou, serão menos que grãos de poeira na memória dessa coisa dura chamada história não consegue, hoje, encandear este prazer. E se eu sou vão, que seja. Nem tem muito sentido pensar-me mais do que isso. Quero apenas que uma sombra do nosso amor perdure, etérea, na alma perdida deste lugar.
Mas agora que chegas, só penso em viver a tua suave e breve presença.
Sinto, agora, uma breve desilusão que é cansaço apenas. Penso em dormir. Mas peço-me que escreva. Sinto esta necessidade de lutar contra aquilo que a vida tem de mais quotidiano, mais vulgar, mais absurdo, mais não-vida….
Escrevo. Repito palavras apenas pelo gosto de existir uma cadência qualquer neste sentir. Em haver uma força, bruta, desconhecida, neste processo de comunicar por sinais reconhecíveis pelo outro. Gosto. Mas perco-me em pensamentos sobre o processo de escrever e esqueço o haver palavras que têm de ser ditas, sentidos-construídos que têm que ser transmitidos a alguém. Esqueço-me. E, talvez, parte do prazer advenha desse esquecimento. Desse sossegar nas palavras, no seu intimo, escondido, despindo-me também. Sei lá. Escrevo. Sem firmeza, numa suave volúpia. Descubro que há algo de sensual nesta minha relação com as palavras. Este esquecimento do sentido, do querer dizer, também é um reflexo desse prazer. Esta vontade de estar assim entre as palavras, palavras sem destino, estas palavras-minhas-palavras-nenhumas que escrevo assim, porque espero.
Saber que todas estas palavras, todos estes gestos, todo este eu que sou, serão menos que grãos de poeira na memória dessa coisa dura chamada história não consegue, hoje, encandear este prazer. E se eu sou vão, que seja. Nem tem muito sentido pensar-me mais do que isso. Quero apenas que uma sombra do nosso amor perdure, etérea, na alma perdida deste lugar.
Mas agora que chegas, só penso em viver a tua suave e breve presença.
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