Artefactos da Memória
Um homem velho escondia dentro de um relicário um par de meias velhas pertencentes a um combatente espanhol dos tempos da guerra civil. Nunca cheguei a saber se o militar era republicano ou estava do lado de Franco, certo é que morreu algures na Catalunha durante um combate. As meias, umas meias pretas normais, não provaram nunca ser mais do que aquilo que efectivamente eram: umas meias vulgares particularmente sujas. Nem mesmo o velho que as guardara lhes atribuía outro significado que não esse: uma meias velhas pertencentes a blá, blá, blá. Ele próprio não conhecia o militar nem de nome e resumia o acto de ter guardado durante 40 anos aquelas meias a uma simples frase: Quando passei por aquele campo após o combate e vi o rapaz deitado no chão, estranhamente agarrado não a uma arma mas a um par de meias decidi que as devia guardar e portanto cá estão.
O que é certo é que depois do velho morrer eu mantenho o relicário e as meias lá dentro. Sugiro sempre às visitas que isso é apenas mais um atractivo desta casa que comprei a esse mesmo velho, mais uma história paradoxal de outros tempo e de outros lugares.
Por vezes, não sei se por efeito de viver nesta casa sozinho longe de tudo, quando penso nesse par de meias julgo perceber um significado escondido nesta história, e no facto irónico de existir um par de meias sujas encerrado num relicário há mais de sessenta anos.
O que é certo é que depois do velho morrer eu mantenho o relicário e as meias lá dentro. Sugiro sempre às visitas que isso é apenas mais um atractivo desta casa que comprei a esse mesmo velho, mais uma história paradoxal de outros tempo e de outros lugares.
Por vezes, não sei se por efeito de viver nesta casa sozinho longe de tudo, quando penso nesse par de meias julgo perceber um significado escondido nesta história, e no facto irónico de existir um par de meias sujas encerrado num relicário há mais de sessenta anos.
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