Nas imediações da felicidade, um homem pensativo
Ele chega perto da casa azul, a sede da Felicidade, SA, traz consigo a chave e um guarda-chuva amarelo. Não que espere chuva, não espera, mas o traje foi exigido, guarda-chuva incluído. Aproxima-se. Pára no centro da luz do único candeeiro da rua, espera. Olha o guarda-chuva e não pode deixar de se sentir ridículo. Por sorte um pinguim atravessa nesse momento a rua e aproxima-se. Cumprimenta: boa noite meu caro senhor. Depois de responder e de o pinguim se ter afastado o homem pensa: estes pinguins são sempre muito bem-educados. Continua à espera de um sinal da Felicidade, SA. Enquanto isso pensa: agora que estou aqui tão perto não devo desesperar. Afinal ainda ontem comprei um pedaço de fita azul e sempre posso usá-la para fazer um laço assim que chegue a casa. Talvez a senhoria não dê por nada. De resto de nada lhe serve pensar. Olha a casa, a Felicidade, SA, e, para sua surpresa, começa a chover. Num gesto rápido abre o guarda-chuva amarelo e pensa: ainda bem que exigiram que trouxesse comigo este guarda-chuva amarelo. Do outro lado da rua passa uma mulher, uma prostituta com escafandro, disfarçada de mergulhador. Na casa azul nem uma luz, ele pensa em ir embora. Afinal está a chover e pode ser que alguém o veja ali, no meio da rua, a pingar, e amanhã no escritório toda a gente o iria gozar. No momento em que se prepara para ir toca o telemóvel. - Sim? Lamentamos informá-lo, que devido a falhas no sistema informático, o seu encontro desta noite foi adiado. A Felicidade, SA, contactará consigo, em breve, para marcar uma nova data. Obrigado.
1 Comentários:
Ótima a metáfora, Luís. Francamente ótima.
Um abraço,
Silvia
Por Silvia Chueire, Às 9:09 da manhã
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