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segunda-feira, fevereiro 21, 2005

O discurso na política e a política nos discursos

Vitórias e derrotas
Como não se via há muito tempo existem vencedores e vencidos, felizmente. Como disse Paulo Portas: já ninguém tem paciência para vitórias morais.
Os vencedores e os seus discursos
O PS ganhou, o PS ganhou de forma esmagadora, como nunca tinha ganho. O seu líder, como tradicionalmente faz o grande vencedor das eleições, é o último a falar ao país. Vemo-lo a entrar, pela porta outra porta que não aquela que se espera, e precisamos de nos lembrar com muita força que ele ganhou, ganhou mesmo, por muito, completamente. Porque o homem bem embrulhado num sorriso de plástico mal embalado e fala, como sempre aliás, de forma hesitante. E o que diz? Nada. É impressionante o vazio que sai da boca do homem mesmo depois de ganhar as eleições. Desejo-lhe a melhor das sortes mas desconfio...desconfio muito.
Pormenor: A sala cheia de governantes do governo do Eng. Guterres (lá que é assustador é)
Desejo: que não sejam tão maus como parecem, para bem de todos.
O Bloco também ganhou, muito. Perdeu a oportunidade de ser parte importante da governação mas isso é algo que dificilmente poderia controlar. Ganhou muito e ganhou cedo. Ana Drago discursou ainda os resultados das sondagens estavam frescos, e Louçã veio, antes que fosse tarde, pressionar o PS para que não fugisse da esquerda. Pressionou e mentiu descaradamente. Como Marcelo Rebelo de Sousa e Álvaro Barreto referiram no canal 1, é impossível fazer o referendo até Julho, como prometeu conquistar o lider do Bloco.
O PC também ganhou, galgando a onda do aumento da esquerda e da simpatia do seu actual líder, que aliás é bem melhor no contacto directo com as pessoas que nestes discursos de púlpito, onde diga-se, voltamos a ver o mesmo PC, sorumbático, chato, velho.
Nota importante: da vitória ficou este rosto de vencedores sem discursos pensados para incutir o mínimo de confiança. Um vazio confrangedor do PS, um BE cada vez mais arrogante e um PC igual a si próprio.
Derrotados
Primeiro o PP. Paulo Portas é, era, o líder mais inteligente dos cinco. Era, é, o único capaz de escrever um discurso decente e dize-lo de forma convincente. O único discurso empolgante da noite, até alcançou lágrimas na plateia. A política movida a paixão outra vez? Não, seria exagero. Apenas a competência de quem sabe fazer as coisas. Mas, por muito que chateie quem não gosta, assumir uma derrota assim, é bonito. Claro que isso deixa muito por dizer...ele não vai para muito longe, provavelmente regressa a tempo das próximas legislativas, mas o efeito político, público, é de brilhar no meio do absoluto cinzentismo.
Quem também não tem nada de cinzento é Santana Lopes. Fez um discurso que em algumas partes foi, literalmente, igual ao de Portas (acho que havia mesmo frases roubadas) e depois concluiu, de forma impossível, pelo: fico por aqui a ver no que dá. O homem está louco, e tem um grupo de fans igualmente loucos a seguirem-no como quem segue um profeta. Como disse Pacheco Pereira na SIC, é preciso coragem (e não é só, como se diz habitualmente, coragem política, mas também coragem física, para defrontar a liderança do PSD – eles são loucos, são mesmo).

PS: Esta análise não pretende ser rigorosa, não é. Não me julgo o Professor Marcelo armado ao comentador isento, não sou. QQ pessoa consegue perceber em quem votei pelo que escrevi acima,. e votei mesmo. Não sou de esquerda, desde há muito tempo. Não gostei dos resultados, mesmo nada. E não tenho bom perder, nunca tive nem quero ter.

O que não impede de saber distinguir entre vencedores de vencidos, de respeitar a vontade dos eleitores e de desejar que o próximo governo não cometa tantos erros, e foram muitos, como estes dois últimos governos da coligação PSD-CDS/PP.

PS1: outra coisa: este é provavelmente o último post político deste blog. um assunto que só me apeteceu hoje porque tudo o mais está além das palavras que tenho. muito além, felizmente.

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