sublinhar

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Do meu coração em cinza

Não proponho
um inalcançável freio
para os teus gestos.
Não o quero.
Entende
que morreria eu também
órfão desses movimentos.

Não sei dizer amo-te a correr,
provavelmente não sei dizer:
Amo-te.
Mas isso são as palavras,
enjauladas nos sonhos antigos,
que persistem ainda na vigília
a que chamo os dias da minha vida.

Mas,
AMO-TE.
Perdido.
Confesso-me ausente.
Entre o medo e a recusa do medo.
Uma recusa a sangue
Que congestiona os gestos,
ou local do cérebro onde os gestos se suportam.
E eu não suporto,
a ausência,
a memória da ausência,
a prometida ausência.

Detesto a memória,
dói-me,
instala-se nas minhas entranhas como um cancro,
apenas quero viver o teu sorriso,
o teu riso, o teu movimento.

E quando o tempo interfere eu morro-me,
a memória interioriza-te em mim,
e eu preciso de ti
exterior a mim,
Preciso do teu movimento que
ainda não
(alguma vez?)
compreendi,
O teu movimento que
ainda não
(alguma vez?)
soube parar,
Para te dizer abraçando-te
isso mesmo:
O abraço.

Saberei viver no dia que desistires de mim?
Não sei se o sei agora,
e arrependo-me,
e culpo-me pelo arrependimento,
e transporto-me pelas palavras até
que chegue um dia
em que os gestos não se prendam
nos agrestes interstícios dos sonhos
e eu te possa dizer
com um beijo,
isso mesmo:
O beijo.

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