memória das ruínas
Este momento: é o princípio de tudo ou o seu fim? Que os pássaros metálicos me persigam desde das antigas praias onde me deitei ao sol, que os fantasmas me sorvam o sangue como se fosse uma alimento beatífico de que necessitam para viver, que o meu sorriso me persiga e te persiga. Havia montes de cadáveres nas rochas. Agora vivem encostados na minha pele, agora vivem destes momentos e destes gritos em silêncio. Sei que a verdade está algures entre as mentiras e as palavras não ditas, ou ditas. Que podemos fazer senão continuar a provocar a nossa derrota. Na vida sangramos a cada novo gesto, a cada novo apelo, a cada nova batalha. Na vida sangramos. Agora sim, desisti. As palavras assumem as formas dos pesadelos e só eu as consigo definir. Ou a forma dos silêncios que guardo junto ao corpo. Já nõo acredito na perfeião e é disso que vou morrer. Agora, este momento, apenas serve para confirmar que dentro de mim encontro apenas aquilo que sei. A vida só existe quando eu me explodir.
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