como quem esquece as palavras
Vamos soprar para longe a realidade. Vamos, juntos, porque só juntos existimos, fugir da voz razoável que nos prende os gestos e nos despenha nos abismos do quotidiano. Nunca ninguém o disse, mas é a esta pasmaceira que se acerca de nós sempre que nos deixamos envolver pela constância dos dias que se chama inferno. O mundo existe apenas no local solar para onde os teus olhos olham, do outro lado apenas existe uma sombra, gigantesca, sem sentido, sem sentidos. Como se eu fosse cego sem essa luz, como se as minhas mãos perdessem o seu sentido primordial: o teu corpo. Não, ou antes sim, ou talvez, suporto este vazio de coisas comuns, esta falta dessa terra fecunda: o teu ventre, onde... censuro as palavras deste texto para com mais força te dizer do indizível. Havemos de acordar num mundo fora do mundo, numa manhã límpida de primavera, e havemos de dar as mãos como quem se transcende, os corpos como quem se esquece, como quem se entrega, inteiro, ao ciclo vital do universo.
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