sublinhar

quinta-feira, outubro 28, 2004

A ouvir:

Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia,
Eu não encho mais a casa de alegria.
Dos anos se passaram enquanto eu dormia,
quem eu queria bem me esquecia.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar.
Eu não vou me adaptar.

Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara náo é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
minha barba estava desse tamanho.

Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Titãs - Não vou me adaptar

quarta-feira, outubro 27, 2004

Deixa passar

Deixar passar o tempo em que queremos gritar, ou chorar, ou deixarmo-nos estar prostrados na cama gozando o calor dos macios lençóis. Deixar passar o tempo em que a falta de alguém nos faz perder o sentido da vida, em que todas as direcções nos parecem vazias. Deixar passar...
Depois passa, por entre molhos de frases, ora para revelar ora para esconder, e regressa o tempo das coisas pequenas. Como quando nos sentamos em frente de tv a ver um qualquer programa interessante e a comer chocolate, ou quando vislumbramos o teu sorriso ao longe, na esplanada de um café, e nos aproximámos devagar. Esperar, ou antes, deixar chegar estes momentos em que a tua voz nos conta qualquer quotidiana história e sorri, ou um livro se saboreia com prazer, ou uma música começa no rádio do carro e as ruas parecem diferentes, ainda que só um bocadinho.
Aprender a deixar o futuro onde está: para lá do que a visão alcança e tão vago como fiapos de nuvem no céu de verão.

Blogger

Eu adoro o Blogger de manhã. Os americanos dormem e nós escrevemos em paz e publicámos o blog inteiro sem problemas. Adoro.

Livro

Estava eu a ouvir esta música quando me lembrei que estes versos faziam mais sentido assim:

(..)Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-nos
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas(..)

Do que na versão original:
(..)Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:
Encher de vãs palavras muitas páginas(..)

quinta-feira, outubro 21, 2004

Excelente resposta:

Free fall

Caminho por um espaço invertido, o chão é de nuvens e acima de mim pende como um tecto uma enorme montanha invertida. Enquanto caminho falo com alguém que nunca aparece, na verdade nem responde quando o interpelo, mas existe e está lá. Alguns passos após o começo do sonho, enquanto falo, caio num buraco entre as nuvens, o corpo desce e no mesmo momento o mundo em redor volta a uma posição normal e estou a cair precisamente na direcção da montanha que ainda agora estava por cima de mim. No momento em que julgo que vou cair até ao chão, surge uma mão que segura minha, atrás dessa mão (só consigo ver até ao ombro todo o resto, a existir, está escondido por uma nuvem) um voz faz uma pergunta que eu não entendo. Aparentemente espera uma resposta que sou incapaz de dar. Depois, suponho que insatisfeito com a falta de resposta, a mão abre e volto a cair. Em volta tudo fica escuro e apenas uma luz lá em baixo sinaliza o local de embate: um enorme circulo com um H no centro. Antes de embater no solo acordo. A primeira coisa que penso é que estou vivo. A segunda, com ironia, é que o meu cérebro até a dormir é incapaz de encontrar metáforas menos banais.

quarta-feira, outubro 20, 2004

Eu prefiro outros dias que não hoje

Quando cheguei ao carro hoje de manhã descobri que tinha deixado o vidro um bocadinho aberto durante a noite, o interior (do lado do condutor claro) está completamente molhado. Quando cheguei perto do escritório e descobri que a rua onde habitualmente estaciono está fechada ao trânsito porque uma parte do piso abriu, tive que estacionar num lugar com paquímetro e agora tenho que recarregar o dito. À tarde tenho uma reunião a que não me apetece ir, com pessoas que não me apetece ver. O lado bom é que a noite chegará, amanhã também...e o fim-de-semana é uma questão de dias.

terça-feira, outubro 19, 2004

Uma voz: palavras

Porque os sentimentos só existem quando a sua força se resume de forma tão brutal que se sente um hálito da morte, porque existir não é vestir esta roupagem do banal e julgar que a isso se resume esta complicada construção: a vida, porque sempre que leio esse texto me apetece perguntar a mim mesmo quanto tempo mais admito viver um milímetro que seja aquém do desejado. Talvez as palavras existam, apesar de tudo, para lá do lugar que ocupam e se transformem em corpo.

Evasão, fade-out, ou outra coisa qualquer.

Por vezes apetece-me fugir. Mas não necessariamente agora. Agora estou sentado no escritório, depois de resolvidas todas as questões urgentes mas nem por isso muito importantes e uns minutos antes de começar a trabalhar nas questões importantes mas nem por isso urgentes. Mas foi agora que me lembrei que por vezes me apetece fugir. Imagino que isso aconteça a muita gente e aconteça sempre. Provavelmente este pensamento é o reflexo de uma noite mal dormida, ou então isso seria uma mentira e exista algo mais. Mas nem isso é realmente importante. Estou aqui: aqui é um escritório de enormes janelas infelizmente voltadas de costas para o centro da cidade. Apetece-me fugir e é só isso. Mas, bem compreendido, não agora. Agora apetece-me estar aqui, talvez ir tomar um café ao outro lado da rua, mas não já. A ideia de fugir é outra coisa, mais profunda, provavelmente parecida com desaparecer, mas para onde?

Um silêncio qualquer: palavras

As palavras não servem, não podem servir. Às palavras falta a substância palpável de todos os afectos. Olho estas luzes e sombras do ecrã, lá fora é noite e Inverno (sempre esta noite e esta chuva). Cá dentro o silêncio é feito de música e os sonhos de palavras. Ou o contrário. Não sei porque é que comprei este teclado preto, este monitor preto. A cor vem de um livro pousado sobre a mesa. Penso: é como uma janela, ou um sonho. Antes de tudo existe o corpo em que existem estas palavras e estes sonhos. Perdido. E este reflexo pálido de uma outra coisa são palavras. Ténues. Vestígios. Algures existe um todo, ou até um sentido. Provavelmente nem isso. Agora, aqui e para quê?

segunda-feira, outubro 18, 2004

Adiar

Pego em outro cigarro (porra que não deixo mesmo de fumar), aumento o volume da música (nem queiram saber: Barry White, sim a música é mesmo You’re the first,the last, my everything), sento-me no sofá e deixo tudo à espera. Não consigo, não quero, não vou preocupar-me mais. Amanhã existirei outra vez, hoje já não.

domingo, outubro 17, 2004

Fim-de-semana

Nunca consigo fazer aquilo que planeio fazer ao fim-de-semana. No sábado ao fim da manhã o telefone toca e todos os planos se destroem. Na próxima sexta-feira fujo para o Porto e não quero ouvir nada de ninguém.

Dois apontamentos

[1] Ontem vi este filme:

O argumento é deliciosamente inteligente, cheio de ironia, sem pretensiosismo, sem aquelas tretas dos bons e dos maus, nem happy end. Apenas uma história simples sobre a vida de algumas pessoas. Com a participação de Edie Falco de quem eu, definitivamente, sou fã.



[2] Ando a ouvir, com alarmante insistência, este cd:

sexta-feira, outubro 15, 2004

No rádio do carro:


Come with me. I won't hide
We're going on a ride
We meet each day, use time to see
While we're young and almost free

I've got to lose this skin I'm imprisoned in
Got to lose this skin I'm imprisoned in

Do not turn or hate to see
All the things you think we've got
Do not turn or hate to see
What happened to the wife of Lot

We're alone or so they say
We're not on our own in that way
When we're alone it's real tough going
We can take a part in someone else's play

Come with me, I thought he said
But that's not him anymore, he's dead
What's it like to be so free
So free it looks like lost to me
Lose this Skin - The Clash

quinta-feira, outubro 14, 2004

"Why are frogs falling from the sky?"

"This happens. This is something that happens."
These strange things happen all the time.

There are stories of coincidence and chance, of intersections and strange things told, and which is which and nobody knows; and we generally say, "Well, if that was in a movie, I wouldn't believe it."

Forgetting:
[As the book says, we might be through with the past, but the past ain't through with us. ]

That felt good to do - to do what I wanted to do.
In this life, it's not what you hope for, it's not what you deserve -

it's what you take.



[Para os mais distraidos as frases foram retiradas do filme Magnólia]

Post it

Não te esqueças
que a vida
acontece
a cada minuto.

Dreamless

Por vezes a realidade vem de encontro a nós e consegue destruir momentaneamente a vontade de sonhar. Por vezes as pessoas que conhecemos insistem em provar que aquilo que julgávamos impossível pode de facto acontecer. Mas de nada serve tirar conclusões gerais de desilusões pessoais, o melhor é mesmo deixar andar, ainda que momentaneamente se perca a capacidade de acreditar.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Soluções radicais


[nunca pensei que os iria utilizar no escritório]

The end of a working day

O início do cortejo da latada, que faz parte das festas de recepção ao caloiro da UM, é na rua imediatamente a seguir aquela em que se situa o meu escritório. Agora imaginem-me a tentar estar concentrado enquanto passam dezenas de pessoas de um lado para o outro a arrastar latas de todo o tipo, apitos e toda uma outra série de coisas que fazem um barulho insuportável. E o melhor é que ainda não começou, e neste momento uma multidão junta-se na rua aqui ao lado e já nem se consegue falar ao telefone sem berrar.
Bons motivos para desistir por hoje, amanhã há mais.

A servir

Por vezes a melhor (única?) forma de percebermos melhor aquilo que somos é a criação de personagens que sejam apenas um reflexo distante do que conhecemos sobre nós e sobre os outros. No fundo trata-se de transformar a perspectiva com que nos olhamos e olhamos o mundo, tentar uma nova visão. Escrever como quem olha o mundo e se espanta a cada momento com cada pequena coisa.

A marinar

Tenho uma série de projectos pessoais bem distantes daquilo que faço profissionalmente e que tenho deixado em suspenso desde os tempos da universidade. Nessa altura tinha mais tempo mas menos urgência em fazer, agora, que os deixei por tanto tempo a ganhar sabor, sinto uma vontade louca de começar. Acredito, ou pelo menos comigo acontece assim, que quanto mais trabalho temos mais vontade e capacidade temos de fazer ainda mais coisas, é mesmo uma questão de hábito.
Quantos aos projectos não são nada de especial para além do facto de serem coisas que quero fazer. Como motivo é mais que suficiente, é aliás toda a motivação necessária.

Tempo de conversação:

1 : 11 : 11
[adoro estes acasos]

segunda-feira, outubro 11, 2004

Tenho mesmo...

...de parar de fumar.

É tão bom...

...quando encontramos pessoas com histórias tão interessantes e com tanto jeito para as contar. Fico com o trabalho atrasado, o cinema tem que passar para as 22h00, mas vale a pena ficar a ouvir e viajar no espaço e no tempo. Até porque não é todos os dias que ouvimos falar, na primeira pessoa, de histórias de minas de volfrâmio e de agentes de empresas alemãs simpatizantes de Hitler.

domingo, outubro 10, 2004

Link

sábado, outubro 09, 2004

A ouvir...

a versão dos Fugees da música Bohemian Rhapsody.



Is this the real life-
Is this just fantasy-
Caught in a landslide-
No escape from reality-
Open your eyes
Look up to the skies and see-
I’m just a poor boy,i need no sympathy-
Because I’m easy come,easy go,
A little high,little low,
Anyway the wind blows,doesn’t really matter to me,
To me

Mama,just killed a man,
Put a gun against his head,
Pulled my trigger,now he’s dead,
Mama,life had just begun,
But now I’ve gone and thrown it all away-
Mama ooo,
Didn’t mean to make you cry-
If I’m not back again this time tomorrow-
Carry on,carry on,as if nothing really matters-

Too late,my time has come,
Sends shivers down my spine-
Body’s aching all the time,
Goodbye everybody-I’ve got to go-
Gotta leave you all behind and face the truth-
Mama ooo- (any way the wind blows)
I don’t want to die,
I sometimes wish I’d never been born at all-

I see a little silhouetto of a man,
Scaramouche,scaramouche will you do the fandango-
Thunderbolt and lightning-very very frightening me-
Galileo,galileo,
Galileo galileo
Galileo figaro-magnifico-
But I’m just a poor boy and nobody loves me-
He’s just a poor boy from a poor family-
Spare him his life from this monstrosity-
Easy come easy go-,will you let me go-
Bismillah! no-,we will not let you go-let him go-
Bismillah! we will not let you go-let him go
Bismillah! we will not let you go-let me go
Will not let you go-let me go
Will not let you go let me go
No,no,no,no,no,no,no-
Mama mia,mama mia,mama mia let me go-
Beelzebub has a devil put aside for me,for me,for me-

So you think you can stone me and spit in my eye-
So you think you can love me and leave me to die-
Oh baby-can’t do this to me baby-
Just gotta get out-just gotta get right outta here-

Nothing really matters,
Anyone can see,
Nothing really matters-,nothing really matters to me,

Any way the wind blows....
[Esta é a letra completa da versão original dos Queen]

sexta-feira, outubro 08, 2004

Small is beautiful

Trabalhar numa micro-empresa é algo que se encontra entre o emprego e a aventura. Por mais que uma pessoa tente dividir as tarefas a conclusão é que basicamente toda a gente tem que fazer tudo, absolutamente tudo. Tirando haver uma pessoa que nos limpa o escritório (e mal) todas as outras tarefas são executadas por duas pessoas, isso incluí o core-business, a contabilidade, todas as tarefas administrativas que possam imaginar, atender aqueles seres que nos querem fazer mais um inquérito sobre o número de estrangeiros que pretendemos contratar em 2006 (não, não estou a brincar), etc. Por outro lado há a liberdade de acção, a necessidade de tomar decisões (todas) e o facto de o negócio se movimentar à velocidade do mercado, adaptando-se às necessidades a uma velocidade que uma empresa com alguma dimensão não consegue. Se algo se pode concluir é que todos os dias são emocionantes, todos os dias são cansativos e (quase) todos os dias me deixam satisfeito.

quinta-feira, outubro 07, 2004

Em início de ano lectivo:

Recomendações e estudos de caso de boas práticas relativos à Sáude, Segurança e Higiene do Trabalho em Estabelecimentos de Ensino.

E uma edição da Facts sobre a prevenção da violência contra o pessoal no sector da educação.

quarta-feira, outubro 06, 2004

Hoje...


acompanha-me o desejo de entrar no carro e ir....ir....simplesmente conduzir...para lugar nenhum (longe).

terça-feira, outubro 05, 2004

White Spaces

"Something happens, and from the moment it begins to happen, nothing can ever be the same again.

Something happens. Or else, something does not happen. A body moves. Or else, it does not move. And if it moves, something begins to happen. And even if it does not move, something begins to happen.

It comes from my voice. But that does not mean these words will ever be what happens. It comes and goes. If I happen to be speaking at this moment, it is only because I hope to find a away of going alone, of running parallel to everything else that is going alone, ando so begin to find a way of filling the silence without breaking it.

I ask whoever is listening to this voice to forget the words it is speaking. It is important that no one listen too carefully. I want this words to vanish, so to speak, into the silence they came from, and for nothing to remain but a memory of their presence, a token of the fact that they were once here and are here no longer and that during their brief life they seemed not so much to be saying any particular thing as to be the thing that was happening at the same time a certain body was moving in a certain space, that they moved along with everything else that moved
(...)"
Paul Auster

segunda-feira, outubro 04, 2004

Publicidade

Na quinta-feira com o jornal Público:



Se alguém estiver interessado no argumento é só seguir por aqui.

Ando a ler:



Já agora o link para o site da editora Quasi (que merece ser visitado).

domingo, outubro 03, 2004

Sentido

“Está a ver, é que as nossas vidas na realidade não nos pertencem – pertencem ao mundo e, apesar dos nossos esforços para lhe darmos um sentido, o mundo é um sítio que escapa à nossa compreensão.”
Paul Auster – "Experiências com a Verdade"

al-Qaeda

“E este é o perigo maior. É a terceira fase crucial, aquela que transforma um jovem frustrado num terrorista. É o momento em que o indivíduo começa a pensar em fazer qualquer coisa mais do que gritar slogans ou agitar bandeiras. E é aqui que a nova al-Qaeda, globalizada e dominante, definida como ideologia e visão do mundo universalmente adaptável e aplicável, surge como algo tão importante. Para ultrapassar as normas comportamentais que em qualquer sociedade coíbem os cidadãos mais sensatos de cometer actos de uma violência tremenda, especialmente contra os chamados civis, é preciso um poderoso discurso de legitimação.”
Jason Burke – “Al Qaeda – A história do Islamismo Radical”

Este livro dá-nos uma visão bem diferente do terrorismo islâmico, e ajuda a perceber o porquê das enormes diferenças entre, por exemplo, os atentados de Madrid a 11 de Março e os atentados de 11 de Setembro.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Love hides


Brenna Harris - "second chance"


Love hides in the strangest places.
Love hides in familiar faces.
Love comes when you least expect it.
Love hides in narrow corners.
Love comes to those who seek it.
Love hides inside the rainbow.
Love hides in molecular structures.
Love is the answer.
The Doors

Um braço estendido....

Podes acreditar,

Será que acreditas?

...nem sei o que pensar...das palavras...sussurros...silêncios.

É como se acreditasse nas palavras muito para além do que eles são capazes, muito para além de onde elas existem.

Sabes, quis, já tantas vezes e desde há tanto tempo...quis procurar refúgio entre o indizível e esquecer-me de testemunhar tudo com pensamentos e palavras...

Omissões...foi tudo que consegui....estou feliz por ti, mas isso é apenas uma evidência....

Para este silêncio não existe outra explicação que não seja a noção vaga....tão vaga que as palavras dificilmente a detêm....gostava de explicar-te que sinto....se calhar sinto demasiado...

...mas não é isso.

Continuas a ser importante para mim e, como outras vezes no passado, sinto-me incapaz de te dizer isso...não sei o que intimida as palavras...talvez por sentir que tu me compreendes demasiado bem...não sei...

...o mais importante é eu não querer continuar a incessante busca de respostas...quero apenas deixar-me sentir....seja o que for....e não estar à espera de um momento qualquer para quebrar o silêncio....