sublinhar

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Bernardo Soares escreve a Almada Negreiros

deixo-me estar sentado, ergo a cabeça em alheamento do trabalho, e observo a nuvem branca que atravessa a janela da frente do escritório. sonho. os sonhos antes sonhados. os sonhos da rapariga do café que, tu sabes, também sonha. hoje não troveja, a praça está clara, as pessoas passam embrulhadas em sorrisos natalícios. eu estou fechado e sonho. sonhos repetidos: será esta a estalagem? será aquilo que passa a vida? no sonho envolvo-me em trajes de rei e percorro as ruas em parada. mas a rua devolve-me a certeza que eu serei sempre eu e tu Almada, serás sempre Almada.

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