a hipótese das sombras
gostava de te dizer, de o dizer aos teus olhos para que me acreditasses, que as palavras existem gravadas na pedra contra o esquecimento. gostava de te dizer só isso. provavelmente depois nunca mais me verias e os teus olhos saberiam que eu mentira. só os corpos, e a dádiva entre eles, podem impor-se no espaço dos outros. se te segurasse na mão, insisto, talvez desaparecesse ainda enquanto tinha a tua mão na minha. esta conversa diáfana terá sempre poucas ou demasiadas palavras. neste caso o seu silêncio. é impossível a urgência, como é impossível remeter essa urgência ao vazio. gostava de te dizer, de o dizer aos teus olhos para que me acreditasses, que só os corpos ousam falar por dentro das coisas. e que as palavras, temem, antes de tudo, impor-se no território dos outros. insisto apenas para dizer que também me feri nas sombras desenhadas por mim. insisto, porque um dia, distante, uma dessas sombras devolveu-me a palavra amor numa voz doce que não era a minha. impossível parece, mas não é. mas isto são tudo hipóteses de uma sombra, não me acredites.
[no fundo tens razão. desculpa o excesso.]
[no fundo tens razão. desculpa o excesso.]
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