segunda-feira, novembro 29, 2004
Flores Do Mais
pensamentos que acontecem
sexta-feira, novembro 26, 2004
Digital
A fear of whom I call,
hearing someone call
I feel it closing in, I feel it closing in
Day in, day out
I feel it closing in,
As patterns seem to form
I feel it cold and warm
As shadows start to fall
I feel it closing in, I feel it closing in
Day in, day out
I'd have the world to just see
whatever happens to my decorum
And then just fade away
I see you fade away, don't ever fade away
I need you here today
Don't ever fade away
Fade away
Fade away
Fade away
quinta-feira, novembro 25, 2004
Re[post]o
e procuro uma síntese nas demoras
cato obsessões com fria têmpera e digo
do coração: não soube e digo
da palavra: não digo (não posso ainda acreditar
na vida) e demito o verso como quem acena
e vivo como quem despede a raiva de ter visto.
segunda-feira, novembro 22, 2004
antes da palavra
do lugar do exílio
do sentido e da falta de sentido."
Tudo o que te disser - M.A. Pina
As palavras contraem-se entre os dedos inábeis de quem escreve. No início, a primeira linha de caracteres negros, soletram não sei que necessidade de transcender Isto. Só depois, lentamente, momentos antes do silêncio, regressa a linha que envolve os sentimentos outros dos outros, a simetria. Suponho que a verdade existirá entre as margens da existência de quem, imagino, existe. Assim, sempre entre pausas, como se houvesse a vontade de confinar as palavras ou, como se quem escreve pretendesse remover os pensamentos que existem ainda antes da palavra escrever, ou do gesto. Tudo isto na margem do silêncio da escrita, no espaço ténue entre querer marcar a página com tinta preta inexistente e o gesto lasso de desistir.
De quê? – perguntas no teu silêncio.
Da memória que não existe ou do futuro, tanto faz.
A serenidade é um sentimento estimável
O incerto calor que à tarde aquece os nosso corpos dolentes, o café que bebemos enquanto esperámos que do rio surja uma visão qualquer, até a conversa com que entretemos as horas que vivemos, tudo isto enche o espaço de sons sossegados, inscritos no esquecimento dos horários imprescindíveis do destino.
Amanhã, ou talvez em qualquer outra altura, uma palavra ultrapassará a barreira do som, e eu não precisarei mais de gritar no silêncio.
Mas isso agora é substituído pelo cigarro que fumo enquanto a sala se enche (e até um estranho calor se sente agora) de música.
Este espaço não é de sofrimento, esquecimento, espera, enfim... este espaço vive da calma que existe: este momento vive de um momento, como quando me olho ao espelho, e a imagem reflectida é uma construção minha que não existe só em mim. Sou eu, distante na soma de dois eus, um deles cedido, construído em co-autoria, nem sei como o dizer.
Está frio também, embora se sinta apenas pelas frinchas das portas, imiscuindo-se neste espaço que navega um pouco acima do mundo tal como o mundo existe.
Neste momento a música parou por instantes e deixo-me estar a ouvir um cão a ladrar na vizinhança, um ladrar calmo. Lembro-me: tenho saudades da chuva a bater no telhado de zinco da garagem do vizinho, tenho saudades do chá quente com torradas em dias de Inverno em que me molhei tantas vezes. Ou o teu cabelo molhado.
A serenidade é um sentimento estimável agora que escrevo o último post, fumo o último cigarro e me preparo para ir dormir.
O mundo amanhã encher-se-á de vozes mas só a ti irei ouvir com esta atenção.
domingo, novembro 21, 2004
Morvern Callar
Este filme apela de uma forma única à sensação táctil. Por causa dos planos aproximados de que é feito grande parte do filme e da forma como a óptica tentar captar o interior da personagem envolvendo-a, vivendo dela. Um filme que me levou a sentir, com todos os sentidos, os corpos estendidos, a terra, os insectos, o sangue, o calor do cigarro, o álcool. Estive no filme mais do que vi o filme e quando o cinema consegue isso as palavras ficam sempre longe daêxperiência que vivemos.
quinta-feira, novembro 18, 2004
on the road to nerverland...
o homem encerrado num sonho. flutuando.
Começa.
a vida no palco, dividida em dois. e o sonho de novo
O corpo…
[olhando a mão]
o mundo todo em cada célula…aqui.
o sentido. [uma imagem de uma mão ensanguentada e uma imagem de uma mão segurando uma flor amarela]
[A voz]
Façam descer, lentamente, a cortina e que a vida comece agora.
[ele]
No tempo em que a memória era ainda a memória eu não te conhecia.
Agora reproduzo o sentido de estar vivo esquecendo. existindo.
[o verso do poeta]
[música]
[ela]
Vamos por um minuto esquecer as palavras
[agora é a tua vez: encenar a dança]
The GetAway Project, 2004
terça-feira, novembro 16, 2004
Criticando a corporação
Ontem
intermezzo
O silêncio encontra as palavras no chão, e brinca com elas, juntando-as. Ainda: como um insecto demasiado perto da chama, percebendo o perigo que corre e ainda assim ansiando aquele contacto, mais que tudo. Queria dizer-te:_________________________________
…mas é o silêncio ainda quem responde. Porque imagina que digo: não posso perder mais um minuto da minha vida longe de ti ou enlouqueço. Isto iria só querer dizer que existe ainda uma fila descontínua de memórias que persistem em sabotar os meus passos. Daí a necessidade do salto…ou da queda. Mas esta é uma construção demasiado rebuscada até para mim. Como se existisse um lugar da memória para voltar ou o futuro não fosse tudo que quero.
Mas quero agora, importas-te?
Para já, junto palavras caóticas ao caótico sentido das palavras já escritas. Amanhã tentarei dizer simplesmente: quero-te.
segunda-feira, novembro 15, 2004
Um poema:
que não me canso nunca de escutá-lo.
Repete-me outra vez que o par
do conto foi feliz até à morte.
Que ela não lhe foi infiel, que a ele nem sequer
ocorreu-lhe enganá-la. E não te esqueças
de que, apesar do tempo e dos problemas,
continuaram beijando-se cada noite.
Conta-mo mil vezes por favor:
é a história mais bela que conheço.
Amalia Bautista
Auster outra vez, agora com uma citação de Beckett
Paul Auster, A noite do Oráculo
domingo, novembro 14, 2004
De regresso às palavras um minuto antes de nada
on the b.l., again
Domingo ou o fim-de-semana a acabar [2]
Domingo ou o fim-de-semana a acabar [1]
Auster, outra vez
Paul Auster, A Noite do Oráculo
Amanhã:
...primeiro porque nunca resisto a Julianne Moore no grande ecrã, segundo porque o ponto de partida do argumento me parece muito bom, embora já tenha lido que isso é a única coisa boa no dito argumento.
Fragmentos de quotidiano [1]
quinta-feira, novembro 11, 2004
quarta-feira, novembro 10, 2004
Man's favourite sport
Tudo o resto é entretenimento sem pretensões, sem dúvida muito diferente do cinema de hoje.
terça-feira, novembro 09, 2004
Do outro lado
[O que pensas
quando pensas
em mim?]
Foto: Eaton Place nude, Bill Brandt
A forma confunde-se com a memória
E a luz, a luz suave do fim de tarde,
Infiltra-se nos caminhos secretos
Do desejo.
Inicia-se,
Após uma pausa breve
Em que falas das árvores lá fora
E do vento numa madrugada de outono,
O encontro.
Podemos confundir os nomes com que se chamam os animais selvagens que percorrem os nossos sonhos, podemos até esquecer os sonhos, mas não vamos, peço-te, mentir aos nossos corpos cansados.
Guarda as palavras, se quiseres.
Guarda-as longe de mim se não as podes pronunciar.
Aguardaremos em silêncio
que nos venham buscar.
Gostava de poder ter dito outra coisa mas isto são as palavras que existem...
domingo, novembro 07, 2004
Anatomia de um post
Saio de casa, suponho que possa dizer que com vontade de não pensar, entro no carro e ando às voltas, escolhendo deliberadamente estradas em que posso acelerar. Nem por isso exagero.
E tudo isto se encontra de alguma forma ligado, suponho. Não que tenha muita importância, não tem.
Eu gosto das histórias dos outros, principalmente quando elas se podem contar como múltiplas imagens de um puzzle. Gosto. Não se trata de saber apenas por vontade de saber. É antes poder amar. Como se só a contradição e o mistério possuíssem a chama da paixão. Talvez não seja nada assim. Sinto mesmo que não é. O que faço é misturar muitos fragmentos e tentar encontrar uma mancha vagamente familiar naquilo que vejo. Como por exemplo: um dia descobri que duas amigas minhas que têm bastante em comum (pelo menos para mim) têm uma casa com o mesmo número da porta embora uma delas more numa rua que não tem casas suficientes, nem de perto nem de longe, para ter um extravagante número de três algarismos. Mas estas coisas acontecem. Como acontece um dia sabermos que alguém gosta de alguém e nunca chegarmos a saber se os dois vivem felizes (para sempre ou hoje, tanto faz) mas gostarmos da vir a saber. Espero que sim, mas isso também não é importante. Porque, e aqui tenho que pedir desculpa pelo excesso de palavras, temos que juntar muitos momentos, muitos pensamentos e então, suponho, tudo se tornará mais claro. Isto se nós ficarmos satisfeitos. Porque se um dia descobrimos uma realidade e a julgámos à luz dos nossos conceitos prévios e se cometemos o erros de não os revermos, pode essa realidade não existir, ou existir diferente. No fundo, suponho que podemos afirmar: que apenas nos devem ofender as mentiras importantes. Todas as outras são parte desse mistério e ocorrem de acordo com a natureza. Como se viver, ou entender, fosse uma ciência que requer o seu método: não acreditar na permanência daquilo que hoje vemos, mas amar aquilo que conhecemos e, claro, amar a dúvida e a descoberta. Será que amar o objecto de estudo ainda é tabu nas ciências? Creio que sim, uma pena. Adiante.
Hoje sei apenas mais algumas coisas, no meio de um monte de dúvidas mas isso é interessante, talvez amanhã novas respostas surjam ou novas perguntas, ou nada. Tudo isto é muito interessante. No fundo, creio não estar a mentir quando digo que sei mais qualquer coisa, mas nem por isso assumo o conhecimento da história daquilo que sei. Entrevejo, sendo que esta é a forma mais intrigante de ver. Uma coisa triste é que pelo caminho ainda acabámos a magoar os outros, um pouco involuntariamente, e deixamos escapar tantas vezes a oportunidade de dizer: gosto de ti.
Tantas letras, isto é o que digo quando olho para o ecrã cheio.
Que coisa parva para se fazer ao domingo à noite. Podia resumir o post a algumas ideias que passaram repentinamente pela minha cabeça este fim-de-semana: preocupa-me a erosão da ideia de memória; a propósito, a crónica do M. António Pina na Visão da semana passada é soberba. Lá vou eu ter que falar da memória, que a par das palavras, constitui quase a totalidade deste blog. Ainda há o amor, mas isso é tudo, suponho. Sobre a memória ocorre-me muitas vezes perguntar se as pessoas ainda sabem o que é. Hoje lembrei-me que no século passado a memória se cristalizou na forma de ícone, perdendo o significado daquilo que se recorda e vivendo apenas do seu próprio significado que se modifica através do decorrer do tempo. Ou seja, era ainda manhã, era domingo, e eu a transformar-me num iconoclasta. Claro que depois fui almoçar. Aliás, com a memória acontece a mesma coisa: pode esperar. Talvez por isso nos sentemos a lembrar alguma coisa e logo desistimos e começamos a fazer qualquer outra coisa, porque a memória está lá, pode esperar. Claro que depois morremos, mas isso são pormenores. Outra coisa que nos preocupa é a memória de nós depois de morrermos, a mim sempre me pareceu ridículo. Como aquela história que se conta do funeral do Sá-Carneiro. A história é decerto inventada e aliás demonstra um sadismo incrível. É como eu com a mania de falar de histórias que ninguém conhece e depois não as contar. Mas olhem que isto já é abusar. A página do Word já acabou e admito que ninguém vai conseguir ler isto de uma ponta à outra. E se ler certamente acabará por me insultar por gastar tantas letras, e tanto do precioso tempo do leitor, num emaranhado de frases desconexas. Como diz uma amiga minha: eu devia era estar a ver a Quinta das Celebridades e deixar-me de tretas.
sábado, novembro 06, 2004
Parado no trânsito [1]:
[descobri uma excelente forma de passar o tempo nos engarrafamentos, os resultados não são bons mas cumpre-se o objectivo entreter]
quinta-feira, novembro 04, 2004
terça-feira, novembro 02, 2004
para nada...
Como as palavras surpreendem o seu interlocutor, o homem que escreve.
[O epicentro da alegria – episódio de escrita (memória) automática]
A primeira vez que olhaste para mim com amor, ou a primeira vez que te vi (e tu é já outra pessoa) ou a primeira vez que consegui um momento de paz ao fim de tantos anos e fiquei a ouvir os sons que têm tanto de comum com uma cena do Cotton Club que também é o inicio de uma música do Ozzy Osbourne.
A primeira vez que disse: amo-te e amava-te mesmo.
Tantas pessoas diferentes....
...ou mesmo quando descobri que um célebre monumento, e aqui tudo é monumento a qualquer coisa, estava suavemente inclinado para um dos lados. Ou o arrepio quando li: vou matá-lo e era mesmo isso que querias fazer não sei desde quando, e o alívio que senti quando ninguém morreu.
Que bom foi um dia estar deitado na cama a ver pela primeira ver o Casablanca...
...E ter falado contigo uma tarde inteira sobre os sonhos.
Que bom estar aqui agora, os meus dedos escrevem palavras, a vida lá fora enche-se de possíveis descobertas, tudo são possibilidades, estou vivo, a infra-estrutura existe, conheço muitas das alavancas e não tenho medo.
Amanhã, podemos, ou posso, ou ninguém, ou quem sabe todos, milhares de coisas.
Quando li pela primeira vez o Alexandra Alpha que agora não leio porque seria desperdício de tempo (e nem eu mesmo sei o que isso quer dizer)...
...Agora, que com um sorriso me preparo para largar o trabalho que entretanto já tinha largado para escrever isto, e ir tomar um café ao outro lado da rua como se isso fosse também transcender a rua (mais uma vez não sei o que isto poderá querer dizer).
Porque existem inúmeros caminhos e não podemos escolher todos, apenas alguns, se tivermos sorte escolheremos os errados e então seremos felizes.